domingo, 12 de dezembro de 2010

A minha maior verdade

Espero que chegue o tempo em que nem o homem, nem a mulher sejam tiranizados pelas fraquezas mútuas. Sonho com um amor que seja mais do que duas pessoas ansiando para possuir uma à outra..... Sonho com um amor em que duas pessoas compartilham uma paixão de buscar juntas uma verdade mais elevada. Talvez não devesse chamá-lo de amor. Talvez seu nome real seja amizade.

Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Amizade e/é querer bem





Eu nunca fiz amigos tentando ser interessante. Todos os amigos mais íntimos que fiz foi porque me interessei verdadeiramente por eles. Me interessei pelo que doía, pelo que o fazia gargalhar, pela forma como banalizava histórias tristes, pelo jeito com que dramatizava fatos aparentemente banais... E principalmente pela vontade de acrescentar
. Todo mundo quando descobre certa receptividade no outro abre seu coração com tamanha generosidade, que fica difícil não fazer o mesmo. Porque a escolha é sempre nossa.
É um espaço seguro antes da queda, como se sempre houvesse uma chance de sermos melhor e querer torná-los melhores. ^^

Porém, sobretudo, deixando-os livres...


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Caráter


Percebo agora o quão difícil, ou melhor, a semi-impossibilidade de se mudar o caráter. Entendo-o, agora, como se fosse um norte da fonte de energia psíquica. Isto porque qualquer alteração da direção desse Norte pode desestruturar tudo que foi construído. Não ter coragem de se erguer de maneira digna, soa até hilário quando as pilastras que os mantêm em pé são feitas de palha. Podendo desmoronar com qualquer brisa...


domingo, 28 de novembro de 2010

O inverno de Anna

A primeira..
pensando nos meus personagens favoritos
e na minha forma de vê-los
começo a dissertar sobre eles..
Iniciando-se pela que menos gosto

Anna



Parece-me um ser anestesiado. Se personagem tivesse passado, eu diria que Anna teve muitas decepções, a começar com a infância. Desde o começo ela se demonstra apática, como quem tem preguiça de viver e se conforma com qualquer coisa que aparecer na sua vida, embora nunca esteja satisfeita.

É até contraditório e interessante falar que ela nunca está satisfeita, já que ela dificilmente expressa realmente o que sente. No entanto, é perceptível a sua falta de paz . Ela age como sanguessuga do que aparecer na sua frente para trazer dinamismo ao seu vazio e tentar se livrar de sua inquietude. Porém, ela sabe o fim que isto sempre a causa: solidão.

É um ser suspenso no ar que se agarra em qualquer nuvem que passe, e sabendo que nuvens não são eternas, utiliza-as como um meio de transporte e nunca como um aposento. Anna não tem paz e já não sente mais a dor da frustação de sua vida.

Eu diria que seu vazio vem da construção do seu ser, por isso digo que viria de sua infância. Alguma grande decepção ou descuido na infância que a fez se aprisionar e se fechar para o que lhe fosse externo, como meio de defesa e manutenção de sua sanidade.

Isto foi se transformando em um vazio, o qual sempre crescia à medida que tentava preenchê-lo com pessoas. Anna não visita lugares, visita pessoas na tentativa de preencher este vazio. Como se fosse um ciclo de carência ( Carência para mim é a busca incessante de outros para suprir aquilo que não se tem coragem de encarar) .

É justamente por isso que Anna aparenta ser muito madura,como eu disse.."aparenta". Esta sua pseudo-maturidade ocorre pela sua apatia pela vida, como quem já soubesse o que fosse ocorrer, e como o resultado é sempre o mesmo, ela já não se importa mais porque já perdeu (ou nunca teve) a vontade de crescer/mudar.

Exatamente isto, por não ter tido coragem de parar de estar encolhida, Anna, não passa de um personagem extremamente carente, que somatiza em seus relacionamentos o seu fracasso interno.

Ela poderia ter todos esses defeitos. Mas o que não suporto é sua conformação. Acredito que o ser humano, por sua própria essência, deve buscar superação, já que não somos seres definitivos. A não ser que queiramos estar presos sempre em nós mesmos, nos mesmos erros.

O que é incompleto nunca é completado pelos outros. Não existem metades de pessoas que se completam.Ninguém completa ninguém :p. Existem, sim, pessoas inteiras que se combinam, com empatias para a consecução de um fim. Este fim para mim é o crescimento mútuo. Até porque, Só cresce aquilo que é inteiro. O que é pedaço, sinceramente , só faz juntar-se aos outros cacos na tentativa de ser um pedaço maior. =p

Por isto, não gosto de Anna.

P.s: Interessante notar que o único que não caiu muito na dela foi seu ex-marido, por ter se cansado de conviver com 1/3 de um ser ( isto porque Anna não chega sequer a ser uma metade) e acabou trocando-a por outra.



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Companhia, dogmas e solidão no liquidificador


Da forma mais clara :

Não há sensação melhor: sinto estar perdido e salvo ao mesmo tempo.


Fomos criados para sermos independentes. Passamos dias editando nosso plano de independência, mas às vezes parece-me perigoso quando este plano se torna extremo. Claro, não é uma construção de um dia, mas de todo um processo de crescimento/dogmas/crenças/etc. Senão, vejamos alguns "pensamentos hereditários" : 1) Nascemos sós e assim morreremos; 2) é preciso confiar desconfiando; 3) não existem amigos que estarão ao seu lado sem interesse ; 4) se quiser alguem em quem confiar, confie somente em si mesmo; 5) ..blablabla.

Cria-se a ideia de que quanto mais distante ou quanto mais armaduras você tiver, melhores serão os resultados, pois arriscar é atitude para os "desesperados/tolos/despreparados". Como estava dizendo, acabamos nos tornando individualistas como instinto de defesa, quando na verdade, muitas vezes não há ataque nenhum para "revidarmos". É uma guerra gratuita em que os únicos perdedores somos nós mesmos.

O individualismo extremado nos leva à solidão. A solidão é mais do que o sentimento de querer uma companhia ou querer realizar alguma atividade com outra pessoa não por que simplesmente se isola mas por que os seus sentimentos precisam de algo novo que as trasforme (wikipedia). a) Quantas vezes temos a companhia de várias pessoas e ainda assim mantemos a sensação de solidão? Não há sensação melhor do que quando abrimos o corpo e coração para o mundo. Claro, corremos o risco de sermos traídos, enganados, etc. Mas ainda assim vale a pena, por várias razões. Digo apenas duas. 1. O peso da culpa, da impotência, da limitação e da pobreza de espírito tem um preço que o meu espírito não consegue pagar. É mais fácil cair e levantar, do que carregar este peso no corpo e na alma. É mais fácil andar com a cara limpa, sujar e lavar novamente, do que andar pintado e sentir a dor da mistura da pintura no corpo do "ser real". 2. As sensações são livres; os caminhos são livres..os sentidos são livres..você já olhou pro mundo com o coração aberto? para o mar? ..nem falo de outras sensações corpóreas como o abraço despreocupado se o outro está munido de alguma arma ou pronto para o ataque quando for estender o braço.

b) Mas também, Quantas vezes estamos sós e ainda assim mantemos a sensação de companhia?
Existem pessoas que mesmo que não morem na sua casa, transmitem a sensação de companhia. Companhia não é sensação física. Há pessoas que apesar de estarem ao lado, a única sensaçao que nos passa é a corpórea. Há pessoas que estranhamente te acompanham em silêncio e até ocupam um pedacinho de você. Isto acontece quando menos esperamos, mas nunca quando estamos fechados. Pois ao selecionar tanto o que deve ou não entrar pela armadura, acabamos perdendo a mágica, aquela sensação do simples. E nada se compara à sensação do que é simples.


=)

O mundo se abre para quem está aberto. Abrem-se as portas e mais um céu pra os nossos dons... Quem ganha, mesmo, somos nós.

sábado, 20 de novembro de 2010

Maturidade x Erros : uma luta sem campeões, a não ser a amizade


Várias vezes, a maior parte de nós deseja tomar uma atitude diferente da que geralmente toma em muitas situações da vida. Nem sempre, no entanto, as coisas saem como planejado.

Maturidade reflete controle impreciso sobre si mesmo. Mas quem dirá que não se trata de um hábito de reações naturais, em que o que antes era temeroso ou estranho, passa a não importar mais. Não se trata só de sinônimo da vida adulta, mesmo porque isso pode significar muitas e muitas coisas diferentes.

Acreditamos em verdades. Mas ao pensar que se trata de uma questão aberta, em que muitos profetizam qual o caminho a ser seguido, taxando-o de"certo ou errado", como se houvesse fórmula universal perfeita para todos os humanos, facilmente veremos que "a tal verdade" não existe. Ouso em dizer que não existe sequer este certo e errado, e imagino que agora vc deve estar criando um pensamento de "o que acabei de ler está certo/errado". Pois é, não é fácil nos distanciar do julgamento.

Sinceramente, a ausência de regras é muito atraente. Pessoas que possuem uma lógica própria e não simplesmente aquela estampada em livros de psicologia. O ser humano é diversidade. As pessoas tendem a distanciar do diferente por receio de que o "desconhecido" venha a dar um bote quando menos esperar.

Ontem, disseram-me que percebemos que gostamos de alguém, não por suas qualidades, mas por seus defeitos. O pior é que isto não é insano. Senão, vejamos: existem certas características que somos extremamente intolerantes, mas sempre existirá aquela(s) pessoa(s) que tem tantos defeitos quanto você, mas isto não se torna o cerne do relacionamento, não se trata de ser apenas suportável, mas, simplesmente, você tem paciência (de entender ou seja lá o quê) e principalmente existe a sintonia de trocas . Sintonia, pela necessidade de algo compatível, e troca, pela necessidade de crescimento mútuo. Aquilo que não lhe acrescenta e não permite que você acrescente, não merece que lhe façamos parte = Reunindo todas essas característica, dá-se o que eu chamo de amizade, que por sinal é a base de todos os tipos de relacionamento.

A lógica da vida é essa simplicidade de permitir agir de acordo com seus princípios. Até porque, na real, não existe conceito absoluto, somos e sempre seremos uma obra interminável, em constante construção. Então, nos permitamos errar, sem essa presunção de perfeição, até porque, se o objetivo é alcançar a perfeição, certamente, a natureza humana não seria o bioma mais adequado para sua consecução . ;)*


ficou maior que imaginava, mas vai assim mesmo ^^.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Xeque-Mate


Sejamos Francos.

Se sinceridade for sinal de fraqueza,
Eu prefiro ser um fraco
A me esconder na fortaleza da mentira
ou da simulação.

Jogo limpo.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

No limiar da potência



A autocrítica e a severidade para consigo mesmo funcionam como uma ferramenta para extrairmos de nós mesmos todo o potencial possível. A tensão interna precisa estar sempre no limiar entre a potência extrema e a autodestruição. Os espíritos apenas crescem sob tensão, quando são forçados a isso – fazer de seu próprio espírito um campo de batalha é o caminho para o desenvolvimento de sua potência plena.

De certo não se trata do modo mais confortável de se viver, mas desde quando paz e conforto significam felicidade?

Cada um tem sua felicidade onde a encontra, e isso, para alguns, significa uma constante guerra interna na busca da auto-superação. A tensão, a inquietação, a angústia, o sofrimento são trampolins para nosso crescimento interior, são grandes molas propulsoras da potência humana:

"increscunt animi, virescit volnere virtus"

(Os espíritos crescem e a virtude floresce, à medida que são feridos).


André Cancian

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Clarice


Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.

É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Até agora, achar-me era já ter uma idéia de pessoa e nela me engastar: nessa pessoa organizada eu me encarnava, e nem mesmo sentia o grande esforço de construção que era viver. A idéia que eu fazia de pessoa vinha de minha terceira perna, daquela que me plantava no chão.

Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorganização.

Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser? E no entanto, não há outro caminho.

Começo



Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pagando para ver


“Acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso”. Achei curioso eu usar essa metáfora sem nem ao certo saber o que queria te dizer com isto. Perceba quanta falamos para o outro, querendo dizer na verdade para você mesmo. Porque eu jamais chegaria aonde cheguei se só andasse em linha reta. Tive que voltar atrás, andar em círculos, perder dias, perder o rumo, perder a paciência e me exaurir em tentativas aparentemente inúteis pra encontrar um quase endereço, uma provável ponte: a entrada do encontro. Você tão ocupado com seus mapas, tão equipado com sua bússola, demorou tanto, fez sinais de fumaça e não veio. Você simplesmente não veio. Aprendi a intuir caminhos certos, a confiar nos passos, a desconfiar dos atalhos. Porque eu estava do outro lado e só. Mas caminhava. E você estava absolutamente equipado com seu peso. E impedido de andar por seus medos.


(Clarice Lispector)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Minhas sinfonias são inéditas e próprias do meu ser



O instinto musical em mim é compulsório. Meus anseios de liberdade na música se manifestam.A liberdade total. Você, desculpe, eu não tomo mais uísques por causa de minha voracidade, tenho é que beber música porque ela locupleta os grandes vazios da alma. Ou pelo menos impede a embriaguez súbita.
A música me oferece, de volta da praia, um mundo insuspeitado de ampla liberdade – as notas são todas disponíveis e abrem os caminhos à noção de que tudo era lícito, e que se poderia ir a qualquer lugar desde que fosse inteiro. Subitamente, a música oferece a sensação de que até um sonho inseguro era seguro.
Sabes, a flor nunca sabe que é flor e isto é o que a torna ainda mais fascinante. Assim somos nós.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Tempo



Invernos,Impérios, Mistérios
Lembranças, Cobranças, Vinganças

Assim como a dor que fere o peito
Isso vai passar
Também

E todo o medo, o desespero e a alegria
E a tempestade, a falsidade, a calmaria
E os teus espinhos e o frio que eu sinto
Isso vai passar

Saudades, Vaidades Verdades
Coragem, Miragens e a imagem no espelho
Assim como a dor que fere o peito
Isso vai passar
Também

E os teus espinhos
E o frio que eu sinto
Isso vai passar
Também

Isso vai passar




terça-feira, 2 de novembro de 2010

Muitos mundos no mundo



Procuro, mas não enxergo o alvo
E calo meu silêncio pra ver
Se o mundo ainda existe
E insiste em ser o mesmo

Sempre eu disfarço
E não me encontro
Nunca soube qual a cor da dor
De ser mais um rosto que mente

Verdade, quem desvendou não me contou
Que o certo é o incerto que ficou
Meu mundo ainda gira e gira e gira
E volta

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Deixemo-nos ser Livres

Então eu estou aqui
E você também
Me permita ser o seu espelho esta noite
Como quem sabe no fundo
Que não há distância neste mundo
Pois somos todos uma só alma

Somos livres e não possuímos
as pessoas
Temos apenas o amor por elas
e nada mais

E é preciso ter coragem para
ser o que somos sustentar
uma chama no corpo sem deixar
a luz se apagar
É preciso recomeçar no caminho
que vai para dentro
vencendo o medo imaginado
assegurar-se no inesperado
confiando no invisível
desprezando o perecível
na busca de si mesmo

Ser o capitão da nau
no mais terrível vendaval
na conquista de um novo mundo
mergulhar bem fundo
para encontrar nosso ser real
E rir pois tudo é brincadeira
Que cada drama é só nosso
modo de ver

A vida só está nos mostrando
Aquilo que estamos criando
Com nosso poder de crer

Luís Antônio Gasparetto

O mito da Caverna de Platão: Versão de Maurício de Souza


Platão havia escrito um conto intitulado de "a caverna" (na obra " República"). Se tratava de uma caverna subterrânea onde há gerações seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna apenas as sombras do mundo exterior . Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que o que vêem são sombras, nem podem saber que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há luz no exterior e não como pensam que a verdade é que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Platão falava que quem é acostumado com a escuridão, quando se depara com a luminosidade em um primeiro momento se torna completamente cego, ofuscado por tamanha claridade. É uma extraordinária metáfora sobre a vida. Mas não é só. O que aconteceria se este priosioneiro, que conheceu "a verdade" (o mundo exterior), regressasse à caverna e contasse aos outros o que viu? certamente os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.
É uma belíssima mensagem, digna de reflexão. Segue a ilustração de Maurício de Souza sobre o mito da caverna de Platão.







O que é a caverna? O mundo em que vivemos.
Que são as sombras ? As coisas materiais e sensoriais, pois o significado das coisas raramente está na sua aparência.
Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? Aquele que questiona.
O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade.
O que é o mundo exterior? O mundo das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade.
Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense?) Porque imaginam que o mundo das aparências é o mundo real e o único verdadeiro (CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. São Paulo: Editora Ática, 1999. p. 41).

=)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fugindo




O pouco que os animais, inclusive os mais desenvolvidos, têm que comunicar uns aos outros pode ser transmitido sem o concurso da palavra articulada. Nenhum animal em estado selvagem sente-se prejudicado por sua incapacidade de falar ou de compreender a linguagem humana. Mas a situação muda por completo quando observamos os animais domesticados, ou em particular, a relação entre humano e humano.


Seria possível compreender sem as palavras? Seriam as respostas imprescindíveis para o entendimento do ser? Ou As respostas sempre nos é dada quando aprendemos a perguntar ou interpretar?


Palavras são insuficientes, mas é o único meio que encontro para externalizar o que eu não sei. Mas, muitas vezes, as palavras sustentam um peso gigante sobre o que não se pode controlar, ainda que não seja intencional.

Eu não sei sonhar


No sim, existe um não
No céu, existe um chão
Vencer também traz perdas

Sentir pode doer
Sorrir pode esconder
Viver tem suas mortes


Aceito os meios
Pra alcançar o fim

Piso as duras pedras pra entrar no mar, Mas a calma da água ao beijar a minha sede pela paz
Me eleva

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ante o direito da crítica, o dever de superação.





Começa cada dia por dizer a ti próprio: hoje vou deparar com a intromissão,a ingratidão, a insolência, a deslealdade, a má-vontade e o egoísmo - todos devidos à ignorância por parte do ofensor sobre o que é o bem e o mal.


Mas,pela minha parte, já há muito percebi a natureza do bem e a sua nobreza, a natureza do mal e a sua mesquinhez, e também a natureza do próprio culpado, que é meu irmão (não no sentido físico, mas como meu semelhante, igualmente dotado de razão e de uma parcela do divino); portanto nenhuma destas coisas me ofende, porque ninguém pode envolver-me naquilo que é degradante, senão eu mesmo.


Nunca se protele o ato de questionamento quando se é jovem, nem canse o fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz.


Somos seres sedentos pelo crescimento, em constante e intermináveis mutações. Deixemo-nos vir, então, o tempo de mudanças...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fugindo das respostas



Conversando com um amigo pirata e cheguei a seguinte conclusão:

Não há futuro num mito sagrado. Por quê? Por nossa curiosidade.
Seja o que for que consideremos precioso, não podemos protegê-lo da nossa curiosidade porque, sendo quem somos, uma das coisas que consideramos preciosa é a verdade. O nosso amor pela verdade é sem dúvida um elemento central no sentido que damos à nossa vida. Em qualquer caso, a ideia de que possamos preservar o sentido da nossa vida à força de nos enganarmos é uma ideia mais pessimista, mais niilista do que eu.

Uma maneira de afastar o desconforto acerca desse mistério é mudar ligeiramente o assunto. Em vez de responder a pergunta pelo “por que” com uma resposta do tipo “porque” (o tipo de resposta que ela parece exigir), as pessoas substituem muitas vezes a pergunta “por quê?” pela pergunta “como?”, e tentam responder esta última contando uma história que não se encaixa.


Uma das curiosidade é mostrar-nos uma nova maneira de dar sentido às perguntas pelo “por que”, ideia de dissolver estes velhos enigmas. É preciso tempo para nos habituarmos à sua ideia, e ela é muitas vezes mal aplicada, mesmo pelos seus amigos mais dedicados.

Há quem busque um sistema explicativo estável que não anda às voltas nem entra numa espiral infinita de mistérios. Aparentemente, algumas pessoas preferem a regressão infinita de mistérios, mas hoje em dia o custo desta estratégia é proibitivo: deixar-se enganar. Podemos enganar a nós próprios, ou deixar essa tarefa a outras pessoas. No entanto, não há uma forma intelectualmente defensável de reconstruir as poderosas barreiras da compreensão de toda a diversidade do ser humano.

O melhor é deixarmos o espaço livre para que, mesmo diante de inexistência de perguntas, se possa falar além das palavras.


Deixe-os livres..


=)


domingo, 24 de outubro de 2010

O risco da exposição. É real?


São várias camadas. Decomponha o seu corpo. Agora veja o quão simples e quanto harmônicos somos. A resposta do segredo do nosso sistema não é dado, é conquistado pela experiência. Os nossos olhos não dizem a resposta.

Agora decomponha sua alma. Agora veja o quão simples e quanto harmônicos somos. A resposta do segredo do nosso sistema não nos é dado, mas foi codificado por nós mesmo. Os nossos olhos escondem a resposta.


Há quem prefere expor o corpo a ter que expor a sua composição.
Eu sou feito de nada e ao nada retornarei.
O risco da exposição é proporcional à fonte do receio.
Até onde este risco é real?

O preço



Existe um escala. Do menor grau ao maior.
Assim como o complexo é composto de simplicidade
Os opostos não pressupõem que são segregados
Muitas vezes andam de mãos dadas.


Assim,
O altruísmo muitas vezes é revestido de razões egoístas que buscam nada mais do que uma autopromoção do ego. Quantas vezes você já desconstituiu seu ego durante sua longa vida?
Eu nem cito os fatores de autoproteção, defesa, socialização..mas somente sobre um enfoque objetivo. Há quem diga que se o ser humano fosse capaz de realizar tal proeza, não agiria de acordo com os limites de sua própria natureza.

É um tanto contraditório. Isto porque utilizamos e paralizamos tudo em nossa volta para a consecução dos nossos objetivos, e isto inclui os nossos colegas humanos. Se alter é um instrumento para o próximo degrau, será que não somos um instrumento de alguém do degrau que passou?

E aí eu pergunto. Existem limites?

domingo, 17 de outubro de 2010

Isto não é a realidade

(Obra de Magritte).


Eu acreditava em mentiras. Acreditava que fechar os olhos escondia o que não queria ver.
Percebo que não existem mentiras e fechar os olhos não nos privam da visão, ao contrário, aguça-se ainda mais os sentidos.
Não existem mentiras assim como não existem verdades. As mentiras para quem as profere, nada passa do que uma das verdades que gostaria de acreditar, e até acredita. As mentiras para quem as ouve, nada passa do que verdades passageiras que não lhe mudam o conteúdo.
O essencial não é o termo Mentiras ou Verdades. Termos não existem. Discussões sobre nomenclatura nada passam que uma divagação metalinguística vã. No entanto, a significância é mesma, pois a verdade ou a mentira coexistem a depender do ângulo de quem as ouve ou as profere.

C' est ne pas un pipe



Pão de forma (e conteúdo) : Fome de viver


Nervoso e inquieto, o homem não sossegava um só instante. Parecia saber da brevidade de sua passagem pelo mundo. Desde cedo mostrou-se decidido a queimar da maneira mais intensa a breve chama de sua existência. Renasceu. No entanto, não se renasce para adquirir um novo corpo. Neste caso, renascia-se para o conhecimento de um novo mundo. O corpo e toda a sua carga genética permaneceram intactas. O que era perecível e até algumas coisas que se achavam fortes, perderam as máscaras no caminho, mostrando sua verdadeira face.Tardiamente, por sinal, pois em segundos apodreceram ao chão.

Para sua infelicidade, o novo mundo possuía a mesma aparência do antigo. Num primeiro momento, a única roupagem nova que se via era a sua. As antigas roupas pereceram no caminho, deixando no corpo uma vestimenta que ate então era desconhecida pelos novos habitantes.

Sua roupa era frágil. Para os detalhista, revelavam suas intimidades. Para os fúteis, revelavam o incompreensível. Para os sem princípios, revelavam o que nunca iriam alcançar. O que era unânime, era que aquela nova vestimenta chamava atençao para um conteúdo diferente.
Não havia bolsos, não havia zipper, só precisava de alguns ajustes, que o tempo acertaria.

E lá ia ele renascer para o mundo, mas com a coragem de abandonar suas velhas vestimentas, e assumir seu único corpo, nu . Sua forma já estava definida, bastava-lhe encontrar alimento que saciasse a fome de não ser mais um mascarado.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Autoritarismo dos valores


Se pudéssemos visualizar as raízes dos impulsos dos quais nascem as mais sublimes doutrinas morais, veríamos um monstruoso egocentrismo. Na frondosa árvore que nasce desse egocentrismo, está a idealização de si mesmo, a transformação de sua personalidade e de seus gostos pessoais em princípios superiores. Em todo caso, se o fizer com bastante encanto, talvez conseguirá seduzir um pequeno rebanho no qual poderá observar várias imitações de si próprio.

Se, no fundo, a verdade subjetiva é inexistente, então que cada qual manifeste coragem de ser si mesmo e de criar seu próprio caminho em função dos valores que julgar mais elevados. Isso é tudo. Mas poderíamos, aqui, sugerir um critério que talvez soe bastante interessante aos mais afirmativos: o fraco tende a colocar a autoridade dos valores fora de si mesmo; o forte faz exatamente o oposto.

André Díspore Cancian

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eu só nasço hoje.





Nasci ontem. Minha vida, no entanto, é efêmera. Sobrevivo da intensidade de momentos que valem por toda minha vida, apesar que para você não passe de alguns segundos, querido gigante. Tomei a ousadia de te chamar de gigante. Eu me aposso do seu quintal durante toda a minha existência e você nem nota pelo quê vivi. No meu entender, somente um gigante, na sua imensa importância de contabilizar seu prolongamento melímetrico, teria a audácia fundamentada de não perceber os inquilinos do seu próprio quintal.


Equilibro-me no fôlego de dois ou três segundos suspensos no tempo entre a sua respiração. É que eu não gosto de alardar minha presença.

Dizem que já nasço preso e carrego o peso da minha própria casa nas costas. Mal sabem eles que vocês gigantes, experimentam a liberdade no nascimento, e depois disto nunca mais a saboreiam. Como se a liberdade fosse uma espécie de cicuta, que a audácia de seu sabor fosse capaz de degradar cada pequena lanterna intelectual que permeia o seu ser. Ao contrário de você, eu sou renovável e livre do peso das memórias que você carrega nas costas.

Nasço e morro diariamente, sem vínculos com minha existência anterior.

Engraçado, para minha surpresa, você notou minha existência hoje de manhã.

Mas já é tarde. Em frações de segundo o seu ontem para mim não existirá. E logo mais eu não terei a responsabilidade de carregar o seu desleixo. A minha existência tem a intensidade de momentos que valem por toda minha vida, apesar que para você, não passe de alguns segundos, querido gigante.