domingo, 28 de novembro de 2010

O inverno de Anna

A primeira..
pensando nos meus personagens favoritos
e na minha forma de vê-los
começo a dissertar sobre eles..
Iniciando-se pela que menos gosto

Anna



Parece-me um ser anestesiado. Se personagem tivesse passado, eu diria que Anna teve muitas decepções, a começar com a infância. Desde o começo ela se demonstra apática, como quem tem preguiça de viver e se conforma com qualquer coisa que aparecer na sua vida, embora nunca esteja satisfeita.

É até contraditório e interessante falar que ela nunca está satisfeita, já que ela dificilmente expressa realmente o que sente. No entanto, é perceptível a sua falta de paz . Ela age como sanguessuga do que aparecer na sua frente para trazer dinamismo ao seu vazio e tentar se livrar de sua inquietude. Porém, ela sabe o fim que isto sempre a causa: solidão.

É um ser suspenso no ar que se agarra em qualquer nuvem que passe, e sabendo que nuvens não são eternas, utiliza-as como um meio de transporte e nunca como um aposento. Anna não tem paz e já não sente mais a dor da frustação de sua vida.

Eu diria que seu vazio vem da construção do seu ser, por isso digo que viria de sua infância. Alguma grande decepção ou descuido na infância que a fez se aprisionar e se fechar para o que lhe fosse externo, como meio de defesa e manutenção de sua sanidade.

Isto foi se transformando em um vazio, o qual sempre crescia à medida que tentava preenchê-lo com pessoas. Anna não visita lugares, visita pessoas na tentativa de preencher este vazio. Como se fosse um ciclo de carência ( Carência para mim é a busca incessante de outros para suprir aquilo que não se tem coragem de encarar) .

É justamente por isso que Anna aparenta ser muito madura,como eu disse.."aparenta". Esta sua pseudo-maturidade ocorre pela sua apatia pela vida, como quem já soubesse o que fosse ocorrer, e como o resultado é sempre o mesmo, ela já não se importa mais porque já perdeu (ou nunca teve) a vontade de crescer/mudar.

Exatamente isto, por não ter tido coragem de parar de estar encolhida, Anna, não passa de um personagem extremamente carente, que somatiza em seus relacionamentos o seu fracasso interno.

Ela poderia ter todos esses defeitos. Mas o que não suporto é sua conformação. Acredito que o ser humano, por sua própria essência, deve buscar superação, já que não somos seres definitivos. A não ser que queiramos estar presos sempre em nós mesmos, nos mesmos erros.

O que é incompleto nunca é completado pelos outros. Não existem metades de pessoas que se completam.Ninguém completa ninguém :p. Existem, sim, pessoas inteiras que se combinam, com empatias para a consecução de um fim. Este fim para mim é o crescimento mútuo. Até porque, Só cresce aquilo que é inteiro. O que é pedaço, sinceramente , só faz juntar-se aos outros cacos na tentativa de ser um pedaço maior. =p

Por isto, não gosto de Anna.

P.s: Interessante notar que o único que não caiu muito na dela foi seu ex-marido, por ter se cansado de conviver com 1/3 de um ser ( isto porque Anna não chega sequer a ser uma metade) e acabou trocando-a por outra.



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