sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Humanóide Urbano


Qual seria o limite entre o individual e o coletivo?
A cada um cabe o seu.

Mas qual esse seu que a cada um cabe?
A todos um.
O mesmo.
O suficiente!

É essa parte que nos cabe a cada um,
o mesmo ambiente compartilhado por exemplares
de uma mesma
Espécie.



!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Matar o mosquito nos livra de usar repelente?



Um dádiva é encontrar no interior a paz
Aconselho
No meio de placas de escolha, caminho cada um faz
Coragem
Ao contrário do que se pensa um atalho só atrasa
Volte
Enfrentar a ferida e se olhar de frente
Espelho
Matar o mosquito nos livra de usar repelente
Blindagem
Não fugir do chão? se aqui não nos salvamos, imagine com asas
Se Solte

Asa é inútil ou é um refúgio?
Seria um meio de nos isolarmos mais
Deve ser por isso que ninguém encontra paz

Enquanto fugirmos do centro em busca de algo fora
Nos perderemos por dentro, Deixando o essencial ir embora
Ao invés de escolher quem hoje deveríamos ser
Devemos escutar a alma, acolhendo o que lhe disser


Matar o mosquito nos livra de usar repelente?
E se formos nós o repelente, de repente
Não precisariamos mais nos esconder
Atrás de máscaras para nos defender
Daquilo que fugimos por não querer
Entender.

Seria o fim dos mosquiteiros?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Arranco o que tenho de mais precioso



Tenho uma alegria em mim que quase
me deixa exausta.
Por isso, não me venha com com mais ou menos ou qualquer coisa.
Venha a mim com corpo, alma, vísceras, e falta de ar....

Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante
de saudades intermináveis,
Em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos,
em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.

Em gente que fala tocando no outro de alguma forma,
No toque mesmo, na voz ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos:
são eles que me dão a dimensão
do que sou.


* * *

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ponto de Encontro


Como ser aéreo ao pisar com força a terra? talvez te perguntasses. Mas ao mesmo tempo em que a pergunta nasceria do teu interior, projetada em surpresa num impacto que te faria deter os passos -ao mesmo tempo olharias para além da linha do horizonte,ao mesmo tempo olharias para o ponto de encontro entre o mar e o céu. E seria o além. Então procurarias sôfrego por uma palavra, em pânico escavando dentro de ti, pesquisando letras, letras despidas de significado ou significante, letras como um objeto. Das letras reunidas uma a uma, formarias uma palavra para definir esta ânsia de vôo subindo desde o chão até os olhos.

Sentada no chão, encontrarias a moça vestida de azul.


Não poderias saber nada de mais absoluto sobre ela, a não ser ela própria. Fazendo perguntas, tu ouvirias respostas. Nas respostas ela poderia mentir, dissimular, e a realidade que estava sendo, a realidade que agora era, seria quebrada. pois, não fazendo perguntas, tu aceitarias a moça completamente. Desconhecida, ela seria mais completa que todo um inventário sobre o seu passado. Descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando essas perguntas não são feitas. Que a maneirar mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa se ria justamente não falar, não perguntar -mas ver! Em silêncio.


Tu verias a moça.

A moça ver-te-ia?

Tu verias a moça.

A moça ver-te-ia?

Sentarias no chão, ao lado dela, tentarias descobrir nos olhos ou na boca ou em qualquer outro traço um sinal não de reconhecimento, mas de visão E pensarias que o que faz nascer as perguntas não é uma necessidade de conhecimento, mas de ser conhecido. Porque tu não saberias se a moça sentia a tua presença. Falando, ouvirias a tua própria voz, solta na praça, e terias a certeza de que a moça te ouvia. Ainda que não te visse, na visão completa que terias acabado de descobrir.
Suspensa a voz num primeiro momento, tu voltarias atrás, desejando ser visto. Mas para teres a certeza de ser visto, terias que ter a certeza de que eras ouvido. A moça não falaria. Nem se movimentaria.


Teria, já, descoberto o silêncio como fonte mais ampla de comunicação?

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Eufemismo


Antes doida do que doída!
_______________

sábado, 8 de novembro de 2008

Reticências entre aspas


"..."

Não interessa o quanto eu tenha a dizer, palavras sempre fogem dos pensamentos

Não. Até me incomodo de sonhar coisas irrealizáveis, mas preciso acreditá-las em frases bem elaboradas pra que tudo se pareça possível.

Não? Quanto mais tento alcançá-las, mais fogem do meu alcance. Se desviam na neve do tempo,
como se o percusso até a expressão fosse o responsável pelo seu congelamento.

Não! Tudo bem que boceje de vez em quando, mas que minhas palavras não durmam para sempre. Se vierem, num pequeno pedaço de papel, eu juro que tentaria fazer caber o maior lugar do mundo, traduzido de uma forma que você possa entender

"..."

Sem deixar de fazer parte de mim.




p.s: Ainda tenho tanta vontade de escrever e não consigo traduzir nada do que me corrói...Fica sempre essa lacuna em mim.

Enfim, a palavra é meu inferno e minha paz...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Coloridamente Infindável


*Carta redigida por palavras semi-ditas de um desencontro que se encontra.
E se faz o presente o melhor momento. Eu, narrador anônimo, Trancrevo carta completa, encontrada nas minúcias da vida e que enseja desabafo.

Que vocês se encontrem nessa carta, como eu me encontrei.


C A R T A 1.

(Em alguma data , que me perdoem a memória, ficou perdido no tempo.
Ela redige uma carta, com destino certo.Mas sem certeza do recebimento.
Ouvi dizer que foi em algum dia do ano de 1988, mas não tenho certeza, os dias passavam tão rápidos..que nem eu, nem ela sabemos mais diferenciá-los)



ELA DIZ:
Obrigada pelo que temos. Você me melhora.
Eu sei que te sobrecarrego de tudo que em mim pesa, esquecendo muitas vezes, que o que faz parte de mim, nem sempre é entendível.
Perdoa,as palavras perdidas e impulsivamente colocadas, mas você sabe, eu tento, mas cedo facilmente ao instinto.
Reconheço, seu esforço e admiro sua vontade.
Fazes parte do que ainda me faz forte.
Espero que algum dia consiga traduzir em palavras o que não deixo de pensar.


Espero algum dia te fazer ver o que eu vejo.
Pode parecer estranho, mas não consigo deixar de querer sentir o meu "eu" que faz parte de ti.
Mas se algum dia eu tiver distante, pelo tempo ou pelo lugar,
Eu te escrevo nesta carta alguns passos para você não deixar de lembrar, o que me faz ser o que sou.

certo
faz assim
Algum dia
ao inves de pensar em mim
pense como eu penso;
Algum dia qando for sentir
procure sintir como eu sinto;
Algum dia qando for ver
veja como eu vejo nos teus olhos.
Entao quando não estiver com você
Você perceberá que nunca estou muito longe
Estarei no melhor lugar
que poderia estar
Basta me buscar
Dentro de vc.

Eu, aqui, vou entender como se um pedaço meu não estivesse em mim
É como se parte do que sou estivesse escrito
em você.

Você me melhora.



.

(Alguns anos depois, suscintamente ele responde, engraçado porque homem quando a parte de dentro fala, sempre é suscinto? Eu não sei, só sei que assim o tempo traduziu) :


ELE DIZ:
Em uma frase te respondo:

E você me faz.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Culto do Resto do Impossível


Perdoa , o corpo minha franqueza
O silêncio da voz esconde o culto
Perdôo, o defeito...a fraqueza
Desde quando corpo não fala, é mudo

A Falta disfarça a lembrança
Tapeie a vista, o que não existe se faz presente. Eu vejo
Perca o jogo, a aposta é alta, não tem jeito
O preço é tão alto E ainda cancelaram a cobrança.


Não existe um só, sempre tem uma alma que em si carregue.
O que fazer se sua dívida, Outro tiver a obrigação de pagar
É o preço justo do teu aluguel?
Por ter prometido um templo do inferno no céu.


É o preço justo pelo tempero impuro.
Dizem que Só Na guera é que se encontra paz
Me jogo no abismo, fecho os olho e olho pra trás
A morte é o fruto da queda. É o preço pela ousadia do culto.