segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fugindo das respostas



Conversando com um amigo pirata e cheguei a seguinte conclusão:

Não há futuro num mito sagrado. Por quê? Por nossa curiosidade.
Seja o que for que consideremos precioso, não podemos protegê-lo da nossa curiosidade porque, sendo quem somos, uma das coisas que consideramos preciosa é a verdade. O nosso amor pela verdade é sem dúvida um elemento central no sentido que damos à nossa vida. Em qualquer caso, a ideia de que possamos preservar o sentido da nossa vida à força de nos enganarmos é uma ideia mais pessimista, mais niilista do que eu.

Uma maneira de afastar o desconforto acerca desse mistério é mudar ligeiramente o assunto. Em vez de responder a pergunta pelo “por que” com uma resposta do tipo “porque” (o tipo de resposta que ela parece exigir), as pessoas substituem muitas vezes a pergunta “por quê?” pela pergunta “como?”, e tentam responder esta última contando uma história que não se encaixa.


Uma das curiosidade é mostrar-nos uma nova maneira de dar sentido às perguntas pelo “por que”, ideia de dissolver estes velhos enigmas. É preciso tempo para nos habituarmos à sua ideia, e ela é muitas vezes mal aplicada, mesmo pelos seus amigos mais dedicados.

Há quem busque um sistema explicativo estável que não anda às voltas nem entra numa espiral infinita de mistérios. Aparentemente, algumas pessoas preferem a regressão infinita de mistérios, mas hoje em dia o custo desta estratégia é proibitivo: deixar-se enganar. Podemos enganar a nós próprios, ou deixar essa tarefa a outras pessoas. No entanto, não há uma forma intelectualmente defensável de reconstruir as poderosas barreiras da compreensão de toda a diversidade do ser humano.

O melhor é deixarmos o espaço livre para que, mesmo diante de inexistência de perguntas, se possa falar além das palavras.


Deixe-os livres..


=)


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