A crítica que eu faria, é de sermos seres rarefeitos que só se dão em determinadas alturas. A gente devia se dar mais, a toda hora, indiscriminadamente.Dizem que Talvez seja porque nós todos sejamos parte de uma geração,quem sabe se fracassada. Não concordo absolutamente. É que sinto que nós chegamos ao limiar de portas que estavam abertas - e por medo ou pelo que não sei, não atravessamos plenamente essas portas. Que no entanto têm nelas já gravado o nosso nome. Cada pessoa tem uma porta com seu nome gravado, e é só através dela que essa pessoa perdida pode entrar e se achar.
Batei e abrir-se-vos-á.
Sinto que se tivéssemos tido coragem mesmo, já teríamos atravessado as nossas portas, e sem medo de que nos chamassem de loucos. Porque existe uma nova linguagem, tanto a musical quanto a escrita, e nós seríamos os legítimos representantes das portas estreitas que nos pertencem.
Em resumo e sem vaidade: estou simplesmente dizendo que nós temos uma vocação a cumprir. Como se processa em você a elaboração de algo que extravasa o seu dom, que termina em criação? Ao menos a criação em mim é compulsória. Os anseios de liberdade nela se manifestam.
A fome que sentimos no corpo, é sede do espírito. O grande erro é achar que o pão nutre a vida. A criação é a externalização de algo que o espírito necessita, mas que não existe no mundo que nos rodeia. A arte escrita é tão sincera quanto a arte dos quadros.
A arte escrita é a pintura escrita dos rascunhos da alma.