domingo, 17 de outubro de 2010

Pão de forma (e conteúdo) : Fome de viver


Nervoso e inquieto, o homem não sossegava um só instante. Parecia saber da brevidade de sua passagem pelo mundo. Desde cedo mostrou-se decidido a queimar da maneira mais intensa a breve chama de sua existência. Renasceu. No entanto, não se renasce para adquirir um novo corpo. Neste caso, renascia-se para o conhecimento de um novo mundo. O corpo e toda a sua carga genética permaneceram intactas. O que era perecível e até algumas coisas que se achavam fortes, perderam as máscaras no caminho, mostrando sua verdadeira face.Tardiamente, por sinal, pois em segundos apodreceram ao chão.

Para sua infelicidade, o novo mundo possuía a mesma aparência do antigo. Num primeiro momento, a única roupagem nova que se via era a sua. As antigas roupas pereceram no caminho, deixando no corpo uma vestimenta que ate então era desconhecida pelos novos habitantes.

Sua roupa era frágil. Para os detalhista, revelavam suas intimidades. Para os fúteis, revelavam o incompreensível. Para os sem princípios, revelavam o que nunca iriam alcançar. O que era unânime, era que aquela nova vestimenta chamava atençao para um conteúdo diferente.
Não havia bolsos, não havia zipper, só precisava de alguns ajustes, que o tempo acertaria.

E lá ia ele renascer para o mundo, mas com a coragem de abandonar suas velhas vestimentas, e assumir seu único corpo, nu . Sua forma já estava definida, bastava-lhe encontrar alimento que saciasse a fome de não ser mais um mascarado.

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