sábado, 27 de janeiro de 2007

Viva em esboço...






Estou pelo parque sozinho, em mais um domingo de outono. Olho para o relógio e marca exatamente 20:00 hrs. No meu chão, folhas que eram a vida, agora apontam o fim de outro ciclo que se tornam renovadas na árvore que contém pequenos pedaços de um verde tímido.

Logo à frente paro para conversar com uma criança, – uma menina de 10 anos. Ela me disse que vêm da Terra do Nunca, onde o arco-íris não passa de um imenso escorregador, e no fim, algodão-doce para amortecer a queda, exatamente como ela imaginou em um dos sonhos que teve. Pois toda realidade naquela terra, são, simples sonhos bons, escritos em edições inéditas diárias.

Ao lado da menina havia um senhor de idade avançada, ele me guiou a estranha viagem ao redor do parque. Apontou para um filhote de passarinho que numa tentativa frustrada tentou voar saltando do ninho, então disse, - para que possamos ser belos versos de nossos destinos, é preciso antes correr o risco de nem sempre conseguir planar no primeiro vôo. Graças a ele também, aprendi depois de 21 anos que aquela feia lagarta presa no casulo só tornara borboleta quando sozinha conseguiu brigar contra duras paredes que ninguém poderia quebrá-las no seu lugar.

Confesso a vocês, sai meio atordoado daquele inesperado encontro. E quando já estava tropeçando no meu próprio andar, por conta de um desastre natural costumeiro, e bastante peculiar; vi sentada no banco minha pureza e meu pecado juntos, em um só rosto, ávido de desejo não definido.

Eu sorri com a expressão levemente irônica; veio reciprocamente um estranho mundo novo conquistado, ou talvez apenas meu mundo novo, – nunca consigo traçar com precisão as fronteiras de ambos. Mas por outro lado, sempre consigo expor a minha vida se preciso, para ganhar o templo que meus olhos enxergam. E ela sem dúvida é o maior dos templos construído pelo meu coração, e venerado pela minha fé.

Finalmente achei meu amor, porém não pude continuar. Fui obrigado antes acordar para recolher a sabedoria que estava em mil pedaços colocados em todas as lágrimas despejadas ao longo dos anos. Embora nem me preocupe, tenho certeza que a velha praça nunca irá mudar de lugar.




Mário Lazarotto


(vcs ainda vão ver mt esse nome por aqui, obrigada meu poeta favorito! hehe)

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